domingo, 2 de novembro de 2014

Moradores da Ilha do Caxangá têm menos de um mês para deixar suas residências

Com a desapropriação de 48 casas, cerca de 58 famílias deverão sair da comunidade. Moradores não querem aluguel social

Moradores de 58 residências localizadas na margem do Rio Paquequer deverão deixar suas casas - Márcio Alves / Agência O Globo
TERESÓPOLIS - Os moradores da Ilha do Caxangá, localizada entre a Rua Piabanha e as margens do Rio Paquequer, em Teresópolis, têm menos de um mês para deixarem suas casas. Uma ação civil movida pelo Ministério Público, e já acatada pela 3ª Vara Cível de Teresópolis, determina que esta é uma área de risco por se tratar de um espaço usado para o rio extravasar sempre que estiver cheio e solicita a demolição de 44 construções deste trecho da comunidade.
— Os moradores não se recusam a sair, mas é complicado tirar 58 famílias de suas casas e do convívio com a comunidade. Estamos brigando para que eles não sejam removidos para uma área distante ou que tenham que ficar dependentes do aluguel social, que, com um valor tão baixo, só permite que eles se mudem para outra área de risco. Até hoje, desde a tragédia de 2011, sabemos de famílias que não recebem o aluguel social ou que tiveram que se mudar para outras áreas de risco — diz Abel Siqueira, morador da Ilha do Caxangá.
Foram montadas pelos moradores três comissões: uma de negociação, para atuar junto ao poder público; uma de apoio, para dar suporte psicológico aos moradores; e uma de campo, que visa buscar um terreno próximo para realocar as famílias que serão desalojadas.
— Cada comissão tem 10 membros. Essa foi a maneira que encontramos para envolver as 58 famílias afetadas. A comissão de negociação conversou com o prefeito que ficou de verificar a possibilidade de se construir moradias em um terreno que é da Prefeitura e está próximo das casas que serão desapropriadas, estamos aguardando — explica Siqueira.
Moradora da comunidade há 38 anos, Maria da Conceição Araújo diz que mal consegue dormir de tanta preocupação:
— Fico pensando no que vai ser do nosso cantinho e se eles vão ter piedade de nós. Se tiver que sair, nós sairemos, mas não quero ficar dependendo de aluguel social — afirma.
Por meio de sua assessoria de imprensa, a prefeitura de Teresópolis comunicou que a Justiça concedeu liminar suspendendo temporariamente a retirada das pessoas que vivem na área de risco de alagamento na Ilha do Caxangá e que está realizando um estudo em busca de uma área próxima àquela comunidade para a realocação das famílias.

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