segunda-feira, 14 de julho de 2014

Condições locais fazem da Região Serrana o cenário ideal para o voo livre



Asa deltas, parapentes e antenas dividem a área das rampas de voo livre na região. (Foto: Guilherme Leporace)
Asa deltas, parapentes e antenas dividem a área das rampas de voo livre na região. (Foto: Guilherme Leporace)
Há sete anos, o piloto de parapente Moisés Correa fez um voo em Duas Barras e se apaixonou pelo local. Tanto que comprou, logo depois, o terreno da rampa de voo livre, que mais tarde ganharia o seu nome e passaria a ser considerada uma das melhores da região. Com formações rochosas propícias para a decolagem, ventos quentes, um visual deslumbrante e mais de dez rampas, somente em Petrópolis, Teresópolis e Friburgo, a Região Serrana tem locais ideais para a prática do esporte.
— Os ventos aqui são mais quentes, o que dá mais prazer e segurança no voo, e a atividade térmica é maior do que em outros lugares. Em algumas rampas podemos voar aos quatro ventos. A tranquilidade da Serra também faz as pessoas gostarem de voar aqui — diz Carlos Eduardo Duarte, piloto e tesoureiro do Clube de Voo Livre de Teresópolis.
Roitman Fragoso, piloto e vice-presidente do Clube Caledonia de Voo Livre, alerta para as dificuldades naturais locais.
— Dizem que para voar na Região Serrana é preciso ter mais experiência. O voo é um pouco mais técnico pelo fato de os pousos serem restritos.
E se voar já é uma aventura, o caminho até a decolagem também gera adrenalina, com subidas íngremes, na maioria das vezes, em solo de terra batida.
Piloto de parapente aproveita as técnicas para voar. (Foto: Guilherme Leporace)
Piloto de parapente aproveita as técnicas para voar. (Foto: Guilherme Leporace)
— Há rampas de difícil acesso. Em época de chuva, não há como chegar à rampa da Pedra Catarina nem ao topo da Soledade; só de trator. Como a chegada é complicada, nem considero esta última uma rampa — afirma Fragoso.
Muitas das rampas da região compartilham espaço com antenas e os beneficiados são os pilotos. Duarte explica as vantagens da parceria:
— Não temos calçamento e quem cuida da rampa da Granja Mafra somos nós. Todo ano, a empresa da antena nos ajuda com a limpeza e a segurança do local. Compartilhar é vantajoso.
A falta de apoio é uma queixa.
— A prefeitura de Teresópolis não nos ajuda. Tudo o que existe até agora foi feito com o nosso dinheiro — lamenta Duarte.
Há sete anos, Moisés descobriu uma rampa que recebeu seu nome em Duas Barras. (Foto: Guilherme Leporace)
Há sete anos, Moisés descobriu uma rampa que recebeu seu nome em Duas Barras. (Foto: Guilherme Leporace)
Segundo Fragoso, a situação não é diferente em Friburgo.
— O Clube Caledônia de Voo Livre é responsável pela manutenção das rampas. Os associados pagam uma anuidade, gasta com as despesas das áreas de decolagem. Às vezes, conseguimos o apoio da prefeitura — afirma o vice presidente.
Além da falta de incentivo, o pouso é outro obstáculo para a prática do esporte.
— Temos muitos pontos de salto e poucos de pouso. Quase sempre temos que contar com a boa vontade dos proprietários dos terrenos para pousar. Perdemos uma rampa no Centro de Duas Barras que tinha tudo para ser o nosso xodó. Ela era boa par a formação de alunos, o resgate era rápido e era boa para a população que gosta de assistir aos voos. O dono do terreno nos proibiu de descer lá. Ele queria construíssemos um restaurante para usar o espaço em troca — declara Fragoso.
AULAS GRATUITAS EM PETRÓPOLIS
A Cidade Imperial tem três rampas de voo livre, duas delas a dez minutos do Centro.
— As rampas da Siméria e do Parque São Vicente estão dentro da cidade. O acesso é normal, dá para ir até de ônibus. A do Morin é um pouco mais longe, mas todas têm uma característica muito boa: qualquer veículo consegue chegar ao local de decolagem — afirma Geraldo Magela, o Lalado, diretor técnico do Petrópolis Voo Clube e campeão brasileiro de asa delta, em 2004.
Piloto de asa delta decola da rampa que fica próxima ao Centro de Petrópolis. (Foto: Guilherme Leporace)
Piloto de asa delta decola da rampa que fica próxima ao Centro de Petrópolis. (Foto: Guilherme Leporace)
Outro diferencial de Petrópolis são as áreas para pouso.
— Os pousos são mais fáceis porque é uma área de baixada. Talvez por isso o número de praticantes seja muito maior aqui. Além disso, temos a melhor topografia da região porque há um número maior de acessos à cordilheira — explica Lalado, que voa há 26 anos.
Petrópolis também sente a falta de apoio ao esporte percebida em Nova Friburgo e Teresópolis.
— Tudo o que foi feito até hoje, foi realizado por iniciativa privada, com os nossos próprios recursos. Temos muita dificuldade em conseguir apoio público. Até mesmo em São Vicente, ponto turístico que é frequentado por viajantes e moradores locais, somos nós que arcamos com a limpeza do local — lamenta o piloto.
Mesmo com todas as adversidades, o Petrópolis Voo Clube não deixa de investir no esporte.
— Abrimos uma escola voluntária, a Flying High. Já temos 20 alunos e há pessoas aguardando vagas para fazer o curso — diz Lalado.


Fonte: O Globo
Por Maíra Rubim

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