quarta-feira, 23 de julho de 2014

Arquitetos franceses sugerem que estádios da Copa virem moradia para sem-teto

Projeto já conta com desenhos para dois estádios: o Mané Garrincha (DF) e a Arena das Dunas (RN). Jogos de futebol nesses locais não deixariam de acontecer


São Paulo - Uma das grandes dúvidas que se tem com o término da Copa do Mundo no Brasil é a utilidade de algumas das arenas construídas para o Mundial, já que em alguns estados do país (como Mato Grosso, Distrito Federal e Amazonas) o futebol local é insípido e não possui times nem nas duas principais divisões do Campeonato Brasileiro. Diante desse quadro, dois arquitetos franceses propuseram uma solução para os candidatos a elefantes brancos: transformar os estádios em moradia para a população sem-teto, projeto que ganhou o nome de "Casa Futebol".
Módulos de aproximadamente 105 m² seriam colocados nos espaços entre os pilares da parte externa do Mané Garrincha, em Brasília
Foto:  Divulgação
Axel de Stampa e Sylvain Macaux, idealizadores do "1 Week 1 Project" (1 Semana 1 Projeto, em inglês), coletivo definido por eles como "arquitetura espontânea", sugerem que algumas arenas deveriam abrigar pequenos apartamentos (módulos de aproximadamente 105 m²) para indivíduos que atualmente não têm moradia. A dupla já desenhou como seriam os conjuntos habitacionais do Mané Garrincha, em Brasília, e da Arena das Dunas, em Natal. Jogos de futebol não deixariam de acontecer nesses locais - as partidas, inclusive, ajudariam a custear a projeto.
A ideia de transformar as arenas em residências partiu da observação dos problemas sociais que ocorrem no Brasil. "O que é mais global, alardeado na mídia, e questionável do que a Copa do Mundo? Nós lemos, como todos, sobre os protestos sociais no Brasil, sobre todo o dinheiro gasto para a Copa do Mundo. Nós tentamos encontrar uma resposta para a questão da nossa maneira, com um conceito e uma imagem poderosos. Os estádios são tão grandes que são quase absurdos", declarou Macaux, ao site Fast Company.
Módulos seriam colocados um em cima do outro
Foto:  Divulgação
O arquiteto reconhece a dificuldade de conseguir emplacar um projeto como esse, mas pede uma reflexão sobre a importância de inovar na hora de pensar mudanças sociais. Macaux e de Stampa acreditam que mais da metade dos 250 mil sem-teto do país pudessem usufruir dessas novas moradias.
"(O projeto) É um pouco ambicioso, mas gostaríamos que as pessoas questionassem elas mesmas sobre os contextos sociais que acompanham esses tipos de projetos", completou Macaux.
Outras soluções para o aproveitamento do espaço desses estádios foram pensadas antes mesmo da Copa do Mundo. Para a Arena da Amazônia, a Justiça do Amazonas enviou ao governo federal uma sugestão para que a arena se tornasse um local de triagem de presos. Os detentos ficariam no estádio por até 48 horas antes de serem encaminhados para as cadeias.
Na Arena das Dunas (RN), diferente do Mané Garrincha, os módulos também seriam colocados na parte interna, com vista para o gramado
Foto:  Divulgação
O custo dos 12 estádios que sediaram o Mundial totalizou quase R$ 8,5 milhões. O mais caro deles foi o Mané Garrincha, que custou cerca de R$ 1,4 bilhão (valor divulgado pelo governo estadual, podendo chegar próximo a R$ 2 bilhões) - gastos previstos eram de aproximadamente R$ 690 milhões.


Fonte : O dia

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