segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

“É uma vergonha Teresópolis não ter médico de plantão”


Familiares com o pequeno Renato, no Hospital de Piabetá. Garoto, que seria teresopolitano, nasceu mageense
Familiares com o pequeno Renato, no Hospital de Piabetá. Garoto, que seria teresopolitano, nasceu mageense

GESTANTE RODOU 70KM
- Pai de criança que teve que nascer em Piabetá fala sobre o caso e elogia o atendimento em Magé


Na edição desta sexta-feira, O DIÁRIO publicou grave situação envolvendo os hospitais da cidade: Sem médicos obstetras de plantão na manhã de Natal, uma gestante teve que ser encaminhada para o Hospital de Piabetá, em Magé. Foram cerca de 70 quilômetros percorridos desde sua residência até chegar ao pronto socorro do município da Baixada Fluminense, correndo o risco de a criança nascer no meio do caminho. Após a matéria, ouvimos o pai do pequeno Renato – um teresopolitano que acabou nascendo mageense – que mostrou sua indignação pela falta de atendimento no município, que repassa recursos ao Hospital das Clínicas e Beneficência Portuguesa para a realização de partos pelo Sistema Único de Saúde. O industriário Verceli Claudio também aproveitou para destacar a grande diferença que viu em Magé, onde encontrou dois médicos para atender sua esposa. O que chama a atenção é que, até bem pouco atrás, os moradores desse município é que subiam a serra para buscar atendimentos na área de saúde.
O industriário Verceli Claudio denunciou o caso na 110ª Delegacia de Polícia, onde foi registrado como “Omissão de Socorro”
O industriário Verceli Claudio denunciou o caso na 110ª Delegacia de Polícia, onde foi registrado como “Omissão de Socorro”

Registrado na DP

O caso acabou sendo registrado no plantão da 110ª Delegacia de Polícia como omissão de socorro. De acordo com o que será apurado pela Polícia Civil, Verceli chegou ao Hospital das Clínicas por volta das 8h de quarta-feira, acompanhado da esposa Rose Ribeiro, de 26 anos, grávida de oito meses e já em trabalho de parto. No local, porém, foram informados que não havia obstetra de plantão e que poderiam ir para a Beneficência Portuguesa. No bairro da Ermitage o casal ouviu que também não havia plantonista no setor e que teriam que voltar ao Hospital das Clínicas. No HCT, mais uma orientação inadequada para o momento, visto que o bebê estava prestes a nascer, a de procurar um hospital em Guapimirim. Nesse momento, o industriário acionou uma viatura da Polícia Militar e uma ambulância do SAMU, para registrar o caso de omissão de socorro e encaminhar sua esposa para fora do município, respectivamente. Porém, ao chegar à Guapimirim, mais uma decepção. No final das contas, a gestante terminou no Hospital de Piabetá, onde conseguiu o atendimento médico.
Direção do HCT se pronunciou nesta sexta-feira, informando que a plantonista faltou e que e as providências internas cabíveis já foram tomadas para que essa situação não se repita
Direção do HCT se pronunciou nesta sexta-feira, informando que a plantonista faltou e que e as providências internas cabíveis já foram tomadas para que essa situação não se repita

Sem justificativa

Em entrevista ao jornal O DIÁRIO e DIÁRIO TV, Verceli contou que, apesar de ter informado no Hospital das Clínicas que a bolsa havia estourado, ninguém sequer analisou a situação. “Falei com a balconista somente. Depois que a PM chegou, aí apareceram diretores e outras pessoas, mas ninguém veio atender a gente, só ficaram falando com os policiais. Minha esposa estava dentro do carro e ninguém foi olhar. Ela tinha estourado a bolsa por volta das 7h20”, relatou o indignado pai, mostrando o registro apresentado na 110 DP. “Para mim, não deram nenhuma justificativa, só falaram que não tinha médico de plantão. Na delegacia, depois, os policiais informaram que eles disseram que tentaram ligar para médicos e não conseguiram”, completou.
Depois de passar por HCT, Beneficência e um hospital na cidade de Guapimirim, o menino Renato Furtado Rodrigues nasceu com três quilos e 900 gramas. O pai lembrou que o por muito pouco o parto não aconteceu no interior da ambulância do Samu. “É uma vergonha Teresópolis não ter médicos de plantão. Já em Piabetá fui muito bem atendido e tinham dois médicos de plantão. Ela chegou ganhando neném e se demorasse cinco minutos nasceria no caminho”, informou o industriário. Mãe e bebê só voltaram para a localidade onde moram, Imbiú, no Terceiro Distrito, no final da manhã desta sexta-feira.

O Hospital Beneficência Portuguesa foi o primeiro a se pronunciar, alegando que não houve tempo para encontrar substituto para o obstetra faltoso
O Hospital Beneficência Portuguesa foi o primeiro a se pronunciar, alegando que não houve tempo para encontrar substituto para o obstetra faltoso

Faltou sem avisar

Na quinta-feira, a Beneficência Portuguesa informou à reportagem que o obstetra que estava escalado para o dia faltou sem avisar e que não foi possível substituí-lo a tempo para o atendimento. Somente nesta sexta-feira, o Hospital das Clínicas se pronunciou em relação ao assunto. “Na quarta-feira fomos surpreendidos pela falta da plantonista, e como era feriado houve grande dificuldade em conseguir sua substituição. Somente à noite o plantão teve cobertura. Sendo assim não houve atendimento obstétrico durante o dia, o que motivou a busca por maternidade em outro município. À noite a situação foi resolvida no HCTCO, e as providências internas cabíveis já foram tomadas para que essa situação não se repita”, informa a nota assinada pela Dra. Rosane Rodrigues Costa, Diretora Geral do Hospital das Clínicas Constantino Otaviano. A Secretaria Municipal de Saúde informou que vai ouvir as direções dos dois hospitais e, se for o caso, aplicar sanções.

Fonte: netdiario

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