sábado, 3 de agosto de 2013

Mais perto de um final feliz no Bonfim

Instituto Chico Mendes elabora projeto para retirar área agrícola de 210 hectares dos limites do Parque Nacional da Serra dos Órgãos

Depois de 29 anos de sofrimento e incertezas, a “novela” que protagonizam moradores da comunidade agrícola do Bonfim, em Petrópolis, pode finalmente ganhar um desfecho feliz. O Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) está elaborando um projeto para retirar dos limites do Parque Nacional da Serra dos Órgãos (Parnaso) uma área rural de 210 hectares, onde vivem cem famílias.
O projeto tenta corrigir um erro surgido em 1984, quando um decreto delimitou a área do parque, incluindo a comunidade em APA, onde, por lei, não pode haver habitação ou plantações.
Para a chefe substituta do parque, Ana Elisa Bacellar Schittini, é difícil estipular prazos, mas ela acredita que, até o fim do ano, o projeto deverá ser encaminhado ao Ministério do Meio Ambiente. De lá, a proposta será enviada ao Congresso Nacional.
— Enquanto o processo corre, os moradores assinarão um termo de conduta, e vamos flexibilizar as regras para que a gente tenha uma convivência mais harmoniosa — explica.
Ana Elisa lembra que o parque foi criado em 1939, onde existia a fazenda Bonfim. Quando a propriedade entrou em decadência, por volta de 1950, vários funcionários continuaram morando na região:
— O grande problema é que criaram o parque, em 1939, sem delimitar seu território. Quando o fizeram, em 1984, a comunidade agrícola foi indevidamente incluída na área. Isso foi um equívoco.
As boas notícias trazem alívio as moradores do Bonfim.
— Minha família chegou aqui há mais de 50 anos, e, hoje, mais de 20 parentes vivem da plantação de legumes e de flores. É a nossa única fonte de subsistência. Ficamos receosos quando começaram a surgir os rumores, e nos sentimos injustiçados. Aqui, ninguém mais desmata — lembra a agricultora Ana Cristina Pimenta Coelho, que vende cerca de mil molhos de flores por mês.
A produtora rural Maria das Graças Silva, que planta diversos tipos de verduras há mais de 50 anos, concorda:

— Moro aqui com sete pessoas da minha família. A gente vive com medo, mas espero que essa medida nos traga mais segurança.

Nenhum comentário:

Postar um comentário