terça-feira, 16 de julho de 2013

Greve, sítios arqueológicos e até perereca atrasam obra no Rio



Urnas e outros objetos achados e recuperados durante as obras do Arco Metropolitano do Rio de Janeiro estão sob IAB
Rafael Galdo - O Globo
No meio do caminho havia mais de 70 sítios arqueológicos, uma espécie de perereca em extinção, centenas de desapropriações, ações judiciais e chuva fora de época. São numerosas as justificativas dos governos estadual e federal para os atrasos nas obras do Arco Metropolitano do Rio, estratégico para a economia fluminense. Ligando Itaboraí a Itaguaí pela Baixada Fluminense, a previsão era que ele ficasse pronto em 2010. Três anos depois, o Arco ainda é, em grande parte, um longo caminho de barro, alguns trechos descontínuos asfaltados e outras incertezas.
Prontos de fato — mas desde antes do projeto e, há anos, concedidos à iniciativa privada — só os 22 quilômetros da BR-116 (Rio-Teresópolis) que ligam a BR-493 (Manilha-Magé) ao trevo da BR-040 (Rio-Juiz de Fora). No restante, sobra muito a ser feito. No trecho realizado pela União, com recursos do PAC, a duplicação da BR-493 sequer foi licitada, e o acesso ao Porto de Itaguaí deve ficar pronto em um ano. Já nos 70,9 quilômetros de estrada que o governo do estado constrói, a Secretaria estadual de Obras afirma que 30% (cerca de 20 quilômetros) estão pavimentados, 92% dos serviços de terraplanagem concluídos e 65% dos 156 viadutos, pontes e passagens inferiores finalizados. Agora, o governo trabalha com um novo prazo. “Trabalhamos firme para concluir toda a obra em dezembro deste ano”, afirmou em nota.
No trecho do estado, serão necessárias 1.754 desapropriações. Os mais de 70 sítios arqueológicos no trajeto, segundo a secretaria, também obrigaram a reduções no ritmo das obras, para demarcação e escavação dessas áreas que, segundo o governo, “representam a raiz genética e cultural” da Baixada. A arqueóloga Jandira Neto, gerente do programa de arqueologia do Arco, do Instituto de Arqueologia Brasileira, frisa que foram encontradas mais de 80 mil peças.
Foram resgatadas louças dos séculos XVI ao XX, objetos usados por escravos e peças indígenas. As mais surpreendentes: um sambaqui de 6 mil anos e urnas funerárias tupi-guaranis que podem dar novas pistas sobre a ocupação dessas tribos no país.
— Essa pesquisa nos dá a oportunidade de remontar 6 mil anos de ocupação da Baixada — diz Jandira.
O governo lembra que a descoberta de uma espécie de perereca ameaçada de extinção na interseção do Arco com a BR-465, próximo a Seropédica, provocou a paralisação de parte das obras por cerca de um ano e meio, exigindo a construção de um viaduto sobre o lago habitado pelo anfíbio. Foram necessárias obras complementares devido a dutos da Petrobras no caminho.
A greve dos servidores do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), responsável pelo trecho federal, ameaça atrasar mais o Arco: devido à paralisação, foi suspenso o edital para contratação das obras da duplicação da BR-493. O novo prazo para término é dezembro de 2016.

Fonte: O EXTRA

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