terça-feira, 16 de julho de 2013

Em Guapimirim, hospital cheio de problemas é visto como salvação


Pacientes da região reclamam de carência de especialistas, demora e mau atendimento





 A cidade de Guapimirim, na Região Metropolitana do Rio de Janeiro e com cerca de 50 mil habitantes, está na lista de prioridades para o envio de profissionais de Saúde pelo programa Mais Médicos, do governo federal. O único hospital público da cidade, o José Rabello de Mello, não tem macas suficientes para atender à demanda dos pacientes, muitos vindos de outros municípios. Na manhã de ontem, pacientes de casos de menor gravidade foram rapidamente atendidos, mas aqueles com problemas mais graves reclamaram de descaso na emergência.
Mesmo assim, o hospital municipal consegue ser referência entre outras cidades mais próximas, como Magé. As pessoas que não moram em Guapimirim e procuram o hospital afirmam que escolheram a instituição devido à péssima qualidade no serviço nas cidades onde vivem.
A dona de casa Duzileia Ramos contou que, nesta segunda-feira, levou a filha, de 3 anos, ao hospital porque a menina precisava ser examinada por um ortopedista. No entanto, a mãe não encontrou especialista no horário, e a criança foi recebida por uma pediatra que teria dito não gostar “de ver osso”. Duzileia saiu do hospital sem atendimento e voltou no dia seguinte.
A também dona de casa Cláudia Fernandes reclamou do tratamento recebido pelo marido. Ele sofreu um acidente vascular cerebral e foi internado na madrugada de sábado. Foi realizada a tomografia, mas o paciente, que também sofre de enfisema pulmonar grave, não recebeu nebulização, segundo ela, e estava aguardando o neurologista desde segunda-feira. Após a queixa feita por Cláudia , o diretor-geral do estabelecimento, Eliel Ramos, localizou e convocou o médico dessa especialidade para ir ao hospital.
Diretor nega carência de profissionais
O paciente Hélio Ferreira, que é paraplégico, disse que chegou às 9h30m de segunda-feira ao hospital, por causa de uma ferida purulenta, mas só recebeu curativo no início da tarde dessa terça-feira. Ele se queixou da falta de cadeira para usar o banheiro.
Apesar desses problemas, o diretor-geral do hospital e o diretor médico, Mario Morales, afirmaram que a unidade não passa por carência de profissionais e de infraestrutura. Enquanto a nossa equipe visitava a unidade, Ramos reconheceu as falhas ocorridas  e pediu que os pacientes não deixassem de registrar a reclamação ao supervisor.
— Já demiti médico de madrugada quando fui secretário municipal de Saúde, por conta de mau atendimento dado ao paciente. Estamos, em breve, inaugurando mais 20 leitos para desobstruir a emergência — prometeu Eliel Ramos.
As outras alas do José Rabello de Mello apresentavam condições razoáveis, mas boas em comparação à maioria dos hospitais públicos, o que atrai moradores de outras cidades — como Nicolau de Abreu, diagnosticado com lesão neurogênica crônica, reumatismo, hérnia de disco lombar e cervical. Ele é do bairro de Suruí, em Magé. Mesmo com todos esses problemas, Abreu vai de ônibus até o hospital de Guapimirim, elogiado por ele por disponibilizar acesso a serviços difíceis de encontrar na região, como a ressonância magnética, que é cara. O paciente criticou o posto de saúde da cidade onde mora por só fornecer remédios para aliviar a dor e não acompanhar o seu caso devidamente.

Creditos:LARISSA FERRARI /globo

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